Tecnologias voltadas à Gerontologia são apresentadas em evento da UFSCar

O evento reuniu renomados pesquisadores da área que, por meio da ciência e tecnologia, buscam soluções inovadoras para os principais problemas do envelhecimento

Termina nesta sexta-feira, 18 de maio, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o I Congresso Paulista de Ciência e Tecnologia aplicadas à Gerontologia (CTGero). O evento reuniu renomados pesquisadores da área que, por meio da ciência e tecnologia, buscam soluções inovadoras para os principais problemas do envelhecimento. Foram 260 inscritos entre graduandos, pós-graduandos de diversos cursos, além de profissionais que atuam direta ou indiretamente na Gerontologia, e 110 trabalhos submetidos para apresentação ao longos dos três dias de Congresso.

"Muitas tecnologias são produzidas dentro das universidades com foco na qualidade do envelhecimento, mas o tempo para que elas sejam reconhecidas e cheguem à aplicação clínica é muito longo. O evento foi uma forma de diminuir esse tempo e mostrar como esse conhecimento pode ser aplicado na prática", afirma Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar e presidente do CTGero. Ele acredita que o Congresso abriu espaço para estreitar a relação entre a Academia, a prática clínica e a usabilidade dos dispositivos que são desenvolvidos por pesquisadores da área, voltados à qualidade de vida da população idosa.

Para o professor, a aplicação da ciência e da tecnologia em prol do envelhecimento saudável já é uma realidade. Ele cita como exemplos dispositivos de auxílio à marcha, como bengalas e andadores, equipados com setas, câmeras e áudio que podem ajudar na locomoção de idosos, inclusive com deficiência visual. "Esses equipamentos foram apresentados em uma das palestras do evento, mas ainda não chegaram no Brasil", afirma o docente, acrescentando que no País já estão sendo desenvolvidos, por exemplo, dispositivos que melhoram o acesso de idosos a tablets, smartphones e computadores. "A tecnologia está se tornando uma ferramenta importante para garantir autonomia e independência aos idosos", defende Tiago Alexandre. 

Outra tecnologia apresentada no CTGero foi desenvolvida na UFSCar, em uma parceria entre o DGEro e o Departamento Química (DQ). "Desenvolvemos um sensor para diagnóstico do Alzheimer que já está patenteado, e estamos buscando empresas para licenciarmos essa patente",  diz Márcia Regina Cominetti, docente do DGero e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia (PPGGero) da UFSCar, que ministrou palestra no evento. O sensor é capaz de diagnosticar o Alzheimer por meio de uma proteína do sangue, facilitando o processo de identificação da doença, o que permite intervenções precoces junto aos pacientes. Para a Cominetti, esse primeiro Congresso na área foi fundamental para mostrar que é possível fazer inovação em Gerontologia. "Vamos nos tornar um País de idosos. Em 2050, teremos mais idosos do que jovens no Brasil. É importante pensarmos agora como deveremos agir daqui para frente, pensar em políticas públicas para essa população, por exemplo. O evento abre espaço para novos pensamentos em Gerontologia, para analisarmos os problemas que vamos encarar e que precisaremos resolver", alerta a docente.

Cristina Ribeiro, fisioterapeuta e doutoranda em Gerontologia, veio de Foz do Iguaçu (Paraná)  participar do CTGero e se atualizar quanto às tecnologias que estão sendo desenvolvidas com o objetivo de melhorar a vida dos idosos. "A tecnologia avança muito rápido, então, é bom participar de eventos como esse, que reuniu excelentes temas e profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente, para acompanharmos as tendências da área", diz Ribeiro. Juliana Maria Gazola é docente do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Rio Grande do Norte (UFRN), na área de envelhecimento humano, e pesquisadora do Laboratório de Tecnologias Assistivas da Instituição. Ela também esteve no Congresso e considera a ação importante por nortear os profissionais a inovarem em diagnósticos e terapias voltadas aos idosos. "O evento mostrou inovações e tecnologias para que os idosos recebam cuidado mais adequado e tenham melhor qualidade de vida", acrescenta Gazola. 

Tiago Alexandre faz uma análise positiva do encontro: "Foi uma forma de mostrarmos à sociedade que a Academia está trabalhando em prol do envelhecimento saudável e que há profissionais de diversas áreas voltados à Gerontologia com foco no processo de envelhecimento e na qualidade de vida da população idosa". O docente também avalia que o número de participantes e trabalhos inscritos revela que há demanda e interesse pela temática abordada. A expectativa é que novas edições do CTGero sejam realizadas, mas ainda sem periodicidade definida.

O evento foi organizado pela parceria entre o PPGGero da UFSCar e a Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia (Abrafige), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Pró-Retoria de Pós-Graduação (ProPG) e da Reitoria da UFSCar, e da Apsen Farmacêutica. A programação completa e outras informações sobre o CTGero podem ser acessadas em www.ctgero.ufscar.br.