Comprometimento sensorial

 

DESFECHO: Comprometimento sensorial

TÍTULO DO ARTIGO: Capacidade funcional e perda sensorial em um grupo de idosos usuários de um plano de saúde

Objetivos

-Comparar grupos de idosos sem e com perdas sensoriais (visual, auditiva e DPS), primeiro, verificar a interação das perdas sensoriais com variáveis relacionadas à capacidade funcional;

-Detectar quais fatores influenciam a presença de DPS em um grupo de pessoas idosas vinculadas ao setor de saúde privado brasileiro.

Justificativa

Pouca atenção dada à avaliação de pessoas idosas com incapacidade comunicativa, com destaque para aquelas portadoras de dupla perda sensorial, principalmente no setor privado de saúde brasileiro, e que representam uma prioridade de pesquisa e intervenções, tanto curativas quanto preventivas. A dupla perda sensorial (DPS) refere-se à presença de perda auditiva e visual concomitantemente e pode variar de acordo com seu tempo de início, severidade e ordem de ocorrência. Existem poucos estudos que avaliam as necessidades específicas das pessoas idosas com DPS, notando-se uma lacuna. A colaboração multidisciplinar é essencial para compreender os fatores morfológicos, químicos, psicológicos, perceptuais e cognitivos envolvidos na DPS e minimizar suas consequências, garantindo melhores cuidados e qualidade de vida da pessoa idosa.

Metodologia

Pesquisa quantitativa, transversal, exploratória, realizada entre o segundo semestre de 2018 e primeiro de 2019 com 314 idosos não institucionalizados e vinculados a um programa de gerenciamento de doenças crônicas (GDC) patrocinado por uma operadora de planos de saúde localizada na cidade de São Paulo, local de moradia destas pessoas.

Resultados

Participaram da pesquisa 314 pessoas idosas, com idade média de 78,5 anos (S=7,3), mediana 77 anos, idade mínima de 67 e máxima de 104 anos. Destas, 212 (67,5%) são mulheres e 102 (32,5%) homens. São casados(as) 156 destes idosos (49,7%), seguidos pelos viúvos(as) (n=127, 40,4%). Demais estados civis foram citados por 31 pessoas (9,9%). Hipertensão Arterial Sistêmica (n=224, 71,3%) foi a doença mais prevalente neste grupo, seguida por Artrose (n=114, 36,3%) e Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (n=84, 26,7%). Quanto ao desempenho nas ABVD, 299 (95,2%) destas pessoas são independentes, mas, quando analisadas as AIVD, este número diminui para 238 (75,8%). Dos idosos pesquisados, 51 (16,2%) apresentaram pontos de corte ao MEEM indicativos de déficits cognitivos. Pontuaram com sintomas depressivos na EDG 19 idosos (6,1%). Realizado o TUG, 199 (63,4%) não apresentaram dificuldade de mobilidade. A perda de acuidade auditiva diagnosticada foi encontrada em 129 destes idosos (41%); perda visual em 199 (63,3%) e DPS (visual e auditiva) em 99 (31,5%). A perda auditiva diagnosticada associou-se com a presença de risco cognitivo (probabilidade de demência), maior dependência para realização de AIVD, maior dificuldade na mobilidade e com a presença de perda de acuidade visual. A perda visual associou-se à viuvez, à dependência nas AIVD, à dificuldade de mobilidade e à perda auditiva. A DPS se relacionou com viuvez, maior dependência tanto nas ABVD quanto AIVD e dificuldade de mobilidade.

Conclusão

As perdas sensoriais são um fator importante que comprometem sua capacidade funcional e, portanto, sua qualidade de vida. A presença de perda auditiva associou-se ao risco cognitivo, como ressalta a literatura. Para os idosos com alguma perda, auditiva ou visual, ou com Dupla Perda Sensorial, a capacidade funcional mostrou maior comprometimento em relação aos idosos sem estas perdas, afetando o desempenho tanto para Atividades Básicas de Vida Diária quanto para Atividades Instrumentais de Vida Diária, além de restringir a mobilidade. A viuvez associada à DPS foi um achado inédito, que deve ser mais bem investigado por pesquisas futuras. Para este grupo, o avançar da idade foi um fator preditor importante para o surgimento de perdas sensoriais, principalmente a Dupla Perda Sensorial e ter uma perda prévia, auditiva ou visual, potencializa o risco para o desenvolvimento de DPS.

Considerações a respeito da associação com os objetivos do projeto DGeroBrasil

Contribuição importante para o gerenciamento e manejo da fragilidade sensorial em idosos mais velhos.

Referência do artigo

GARCIA, A.C.O.; SANTOS, T.M.M.; MANSO, M.E.G. Capacidade funcional e perda sensorial em um grupo de idosos usuários de um plano de saúde. Research, Society and Development, v.10, n.2, e16410212287, 2021.
https://rsdjournal.org › rsd › article

 

DESFECHO: Comprometimento sensorial

TÍTULO DO ARTIGO: Função sensorial, cognitiva, capacidade de caminhar e funcionalidade de idosos

Objetivos

Determinar a relação entre função sensorial, capacidade de caminhar e função cognitiva com dependência em idosos.

Justificativa

As informações obtidas orientarão as áreas em que as ações de enfermagem podem ser planejadas para prevenir ou retardar ao máximo a dependência, além de inserir avaliações de rastreio na APS.

Metodologia

Foi realizado um estudo transversal descritivo, recrutando idosos residentes na área urbana, adjacentes a um centro de saúde pertencente à Secretaria de Saúde de Monterrey, Nuevo León, México. Os participantes eram adultos com 60 anos ou mais; foram considerados como critérios de inclusão: idosos com capacidade de caminhar, ouvir e responder ao entrevistador. A amostra foi composta por 146 idosos. Na função sensorial foi avaliada a acuidade visual, auditiva, tátil, olfativa e gustativa. As características de caminhar foram medidas com o sistema GAITRite, o Montreal Cognitive Assessment Test (MoCA), foi usado para medir o declínio das funções cognitivas e a funcionalidade foi mensurada com o Índice de Barthel para dependência de atividades básicas da vida diária (ABVD).

Resultados

Foram avaliados 146 idosos com idade média de 68,65 anos (DP=6,69); 78,8% (n=115) mulheres, 58,2% (n=85) com companheiro(a), 32,2% (n=47) relataram ter sofrido qualquer queda nos últimos doze meses e 7,5% (n=11) indicaram usar um dispositivo de apoio para caminhar, dos quais nove usavam bengala e dois usavam andador. Em média, os idosos relataram escolaridade de 9,5 anos (DE=4.96) e indicaram consumir 2,42 (DE=2.21) medicamentos por dia. Observaram-se diferenças significativas na acuidade auditiva, olfativa e gustativa, além da velocidade de caminhar e comprimento do passo. Como esperado, os adultos com mais de 80 anos foram os que apresentam maior alteração. Adultos mais velhos apresentaram maior dependência das ABVD com acuidade visual prejudicada no teste sem óculos em comparação com aqueles sem alteração (U=456,50; p=.031) e idosos com sensibilidade prejudicada nos pés em comparação com aqueles sem comprometimento (U=1522,50; p=.011). Os idosos apresentaram maior dependência com alteração da sensibilidade da palma da mão, em comparação com os sem alteração (U=595,00; p=.003), aqueles que resultaram em diminuição da sensibilidade do pé em comparação com aqueles que não o fizeram (U=1649,00; p=.022) e naqueles com acuidade auditiva comprometida em comparação com aqueles sem alteração (U=2088,00; p=.002).

Conclusão

O paladar, a velocidade de caminhar, a cadência e o comprimento do passo afetam a independência/dependência na execução das ABVD e a velocidade, a cadência e o comprimento do passo afetam a dependência na execução das AIVD. Portanto, os idosos com maior comprometimento têm maior risco de dependência.

Considerações a respeito da associação com os objetivos do projeto DGeroBrasil

As informações ampliam o conhecimento do fenômeno da dependência e permite orientar ou modificar intervenções de saúde voltadas à prevenção de dependência nas atividades básicas e instrumentais da vida cotidiana em idosos. Além disso, colaboram para explorar as adaptações e estratégias que os idosos adotam para realizar as atividades da vida cotidiana, apesar das limitações.

Referência do artigo

Duran-Badillo T, Salazar-González BC, Cruz-Quevedo JE, Sánchez-Alejo EJ, Gutierrez-Sanchez G, Hernández-Cortés PL. Sensory and cognitive functions, gait ability and functionality of older adults. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28: e3282.

https://www.scielo.br/j/rlae/a/DD3rvTHhYKzv4hbnCfYLyyd/?lang=en