Polifarmácia

 

DESFECHO: Polifarmácia

TÍTULO DO ARTIGO: Adverse Outcomes of Polypharmacy in Older People: Systematic Review of Reviews

Objetivos

Sintetizar as evidências atuais sobre os efeitos adversos da polifarmácia em pessoas idosas no âmbito da saúde, social e de gestão de serviços de cuidados.

Justificativa

Apesar do progresso e a crescente literatura sobre o tema, os dados relativos aos efeitos adversos relacionados à polifarmácia é conflitante em pessoas com 65 anos e ainda menos claramente definidas nos idosos mais velhos (com idade de 85 anos).

Metodologia

Foi conduzida uma revisão sistemática a partir de outras revisões sistemáticas e metanálises de estudos observacionais. Onze bases de dados bibliográficas foram pesquisadas de 1990 a fevereiro de 2018. A qualidade dos trabalhos foiavaliada usando AMSTAR (Uma Ferramenta de Medição para Avaliar Revisões Sistemáticas).

Resultados

Vinte e seis revisões relatando 230 estudos únicos foram incluídas. Dentre os efeitos adversos da polifarmácia na saúde do idoso estão estão: eventos adversos a medicamentos, reações adversas a medicamentos, ansiedade, doenças do sistema circulatório, prejuízo cognitivo, delírio, depressão, declínio funcional e incapacidade, tontura, boca seca, distúrbios metabólicos e endócrinos, quedas, fragilidade, iatrogenia, sintomas gastrointestinais, desordens do sistema genital, desnutrição, mortalidade, multimorbidade, dor, distúrbios pulmonares, perda de peso, interação medicamentosa, prescrição medicamentosa inadequada, não

aderência ao tratamento, potenciais erros de medicação, automedicação, internação hospitalar, aumento de visita ao pronto atendimento, readmissão hospitalar, permanência hospitalar prolongada e aumento dos custos de cuidados em saúde.

Conclusão

A literatura que examina os resultados adversos da polifarmácia em idosos é complexo, extenso e conflitante. Trabalhos futuros devem buscar operacionalizar polifarmácia de uma maneira clinicamente mais relevante para que os resultados adversos venham associados a ele.

Considerações a respeito da associação com os objetivos do projeto DGeroBrasil

 O artigo apresenta o conceito de polifarmácia, um desfecho importante da Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa, além de os efeitos adversos na saúde física do idoso, no âmbito social e consequências para os serviços de saúde.

 

Referência do artigo

DAVIES, Laurie E. et al. Adverse outcomes of polypharmacy in older people: systematic review of reviews. Journal of the American Medical Directors Association, v. 21, n. 2, p. 181-187, 2020. Disponível em: https://www.jamda.com/article/S1525-8610(19)30774-1/fulltext

 

DESFECHO: Polifarmácia

TÍTULO DO ARTIGO: Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde

Objetivos

Caracterizar a polifarmácia em usuários da atenção primária e identificar fatores a ela associados.

Justificativa

Poucos estudos avaliaram a polifarmácia no âmbito da atenção primária e em sistemas públicos de saúde. Além disso, as evidências científicas de eficácia dos medicamentos são provenientes de ensaios clínicos randomizados, que excluem idosos, pessoas com comorbidades e polifarmácia.

Metodologia

Estudo transversal, exploratório, de natureza avaliativa, integrante do Componente Serviços da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos, 2015. A variável de interesse foi a polifarmácia, definida como o uso de cinco ou mais medicamentos. Buscou-se identificar a associação de variáveis sociodemográficas e indicadores de condições de saúde à polifarmácia. Para a comparação de grupos utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson. A associação entre polifarmácia e variáveis explicativas foi avaliada por modelo de regressão logística (p < 0,05). A qualidade do ajuste foi verificada pelo teste de Hosmer-Lemeshow.

Resultados

A prevalência de polifarmácia entre os usuários de medicamentos foi de 9,4% (IC95% 7,8–12,0) na população geral e de 18,1% (IC95% 13,6–22,8) em idosos acima de 65 anos. Houve associação estatisticamente significante entre polifarmácia e faixa etária acima de 45 anos, baixa autopercepção de saúde, presença de doenças crônicas, ter plano de saúde, atendimento em serviço de emergência e região do país. Usuários do Sul apresentaram as maiores chances para polifarmácia. Os medicamentos mais utilizados foram os do aparelho cardiovascular, sendo compatível com o perfil epidemiológico nacional.

Conclusão

 A polifarmácia é uma realidade na população atendida no âmbito da atenção primária do Sistema Único de Saúde e pode estar relacionada ao uso exacerbado ou inapropriado de medicamentos. O principal desafio para qualificar a atenção em saúde é garantir que a prescrição de múltiplos medicamentos seja apropriada e segura.

Considerações a respeito da associação com os objetivos do projeto DGeroBrasil

Descreve a polifarmácia (prevalência por região, fatores associados, medicamentos mais utilizados)  no contexto Brasil âmbito SUS, os desafios relacionados a ela e estratégias para minimizar danos.

 

Referência do artigo

NASCIMENTO, R.C.R.M. et al. Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, v. 51, 2017. Disponível em: http://www.rsp.fsp.usp.br/wp-content/uploads/articles_xml/0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007136/0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007136-pt.x34413.pdf

  

DESFECHO: Polifarmácia

TÍTULO DO ARTIGO: Avanços e desafios da assistência farmacêutica na atenção primária no Sistema Único de Saúde

Objetivos

Dialogar com resultados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), componente de Avaliação dos Serviços de Assistência Farmacêutica Primária, ampliando o debate sobre os avanços e os desafios para a Assistência Farmacêutica (AF) na atenção primária no Brasil.

Justificativa

Embora os avanços alcançados pelo SUS desde a sua criação sejam inegáveis, torna-se cada vez mais necessário superar a fragmentação das ações dos serviços de saúde, a desarticulação entre as práticas desenvolvidas por diferentes profissionais de um ou mais serviços, a fragilidade na articulação entre as instâncias gestoras do sistema ou entre essas e a gerência dos serviços, bem como a qualificação do cuidado. Compreende-se que não é suficiente apenas ampliar os esforços para garantir o acesso à AF ao conjunto da população, é necessário também avaliar o quanto esses esforços se transformam em impactos efetivos na saúde dos indivíduos.

Metodologia

Definiu-se a representatividade do estudo considerando todo território nacional e de cada uma das cinco regiões do país, visando obter um cenário nacional e regional sobre os serviços de AF na atenção primária.  Diferentes abordagens para a coleta de dados foram utilizadas, como levantamentos in loco nos serviços de atenção primária, mediante a aplicação de roteiros de observação direta e entrevistas (usuários, responsáveis pela entrega de medicamentos e prescritores); entrevistas telefônicas com gestores municipais por meio de questionários semiestruturados; e de forma complementar, uma investigação de dados de fontes secundárias, com o objetivo de caracterizar os municípios. Por meio desta estratégia metodológica, aliada a um plano amostral bem delineado com um enfoque por macrorregião geográfica, pôde-se caracterizar a organização dos serviços de AF, bem como identificar e discutir os fatores que interferem na implantação da política farmacêutica no país

Resultados

Em relação à estrutura dos serviços farmacêuticos, observou-se grande presença de sistemas informatizados para a gestão da AF nos municípios, por outro lado, o desafio presente é sua integração em rede com diferentes serviços de saúde.

Quanto à situação sanitária dos medicamentos, verificou-se condições inadequadas de armazenamento e de um amplo conjunto de requisitos imprescindíveis à conservação dos medicamentos presentes nas unidades de saúde, os quais podem impactar negativamente na qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos

A maioria dos usuários obteve os medicamentos necessários nas farmácias do SUS, o que pode sugerir efeitos positivos da organização do financiamento, definição das responsabilidades executivas e estratégias pactuadas de forma compartilhada entre os gestores. No entanto, foi observada uma baixa disponibilidade média de alguns medicamentos traçadores da atenção primária, permanecendo o desafio de garantir e ampliar o acesso mais equitativo aos medicamentos.

Na promoção do uso racional de medicamentos destaca-se a disponibilidade e conhecimento da lista padronizada de medicamentos pelos médicos. Contudo, a grande maioria dos prescritores ainda a consideram insuficiente para atender as necessidades da população, o que necessitaria de investigações mais específicas para melhor compreensão

Na grande parte dos municípios, apesar da existência da lista de medicamentos atualizada, foi incipiente a presença de uma Comissão de Farmácia e Terapêutica formalmente constituída. Na percepção dos responsáveis pela AF municipal, a lista não atende integralmente às necessidades de saúde da população assistida

Conclusão

Avanços expressivos foram alcançados no campo das políticas farmacêuticas na atenção primária do SUS, porém persistem desafios na ampliação e garantia do acesso equânime e na estruturação dos serviços. Por outro lado, existe ainda a necessidade de aprimorar as atividades relacionadas à gestão e logística dos medicamentos e insumos.

O atual quadro de necessidades de saúde da população brasileira – o envelhecimento da população, o elevado uso de medicamentos, a baixa adesão aos tratamentos e a desarticulação das práticas profissionais – impõe aos profissionais de saúde, em particular o farmacêutico, a necessidade de avançar na qualificação do cuidado ofertado aos usuários de medicamentos.

Considerações a respeito da associação com os objetivos do projeto DGeroBrasil

O artigo não aborda propriamente a polifarmácia, mas sim a gestão de medicamentos no SUS (AF). Um artigo muito mais interessante para o gestor do que um que trata as consequências na saúde do idoso, pois discute-se temas como o acesso equitativo aos medicamentos, a estruturação dos serviços farmacêuticos, o aprimoramento da logística e da gestão e a implantação de ações voltadas ao cuidado farmacêutico nas unidades de saúde.

Referência do artigo

COSTA, K.S. et al. Avanços e desafios da assistência farmacêutica na atenção primária no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, v. 51, p. 3s, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/hgbQJGsKFdyKCgxYwWdSWtr/?format=pdf&lang=pt